A vida é engraçada mesmo. Alguns anos atrás quando eu passava pelos bares e ouvia música ao vivo ficava me imaginando poder tocar lá um dia, com quem será que preciso falar, aaaah como seria bom e tal...
Hoje tempos depois a mudança foi drástica. O pensamento de hoje quando vejo músicos em barezinhos penso logo: meu Deus quantas horas será que ele vai ficar ali quase sem ser notado? Quantos pedidos ele vai ter que atender para provar que sabe o que esta fazendo... Preocupação tomou lugar da empolgação da ex-principiante que hoje esta escaldada.
Para quem não tem noção do que digo pode parecer conversa fiada mesmo, para quem é do ramo apenas uma constatação, a noite é ingrata, tocar em bares é uma das tarefas mais massacrantes de se cumprir nessa vida. Passamos cada situação que se não fosse triste seria hilário. Essa semana mesmo lá fui eu com meu violãozinho para mais um estabelecimento comercial, chegando lá algumas pessoas já haviam chegado o proprietário me disse que teriam toda aparelhagem que eu não precisaria me preocupar e que seria só chegar ,ligar e trabalhar ,quem dera tivesse sido assim mesmo ...
Na passagem de som fiz como sempre toda regulagem, toquei a primeira música para me certificar ,ficou ótimo ,som limpinho o proprietário fez um “ok” com o polegar e tal , iniciei a apresentação, de repente chega o gerente ”a música lá fora está muito alta” nisso eu no meio de uma música não tinha como parar de repente e regular o aparelho, acenei com um “sim” com a cabeça pois a boca estava ocupada ,achei que ele fosse entender que entre uma música e outra eu abaixaria o som da caixa externa ,o gerente por sua vez totalmente inexperiente resolveu não esperar e mandou um funcionário que me falou ao ouvido enquanto eu tocava ,sorria e disfarçava : ”eu sei regulá isso ai ,vô mexe aqui viu moça”, quase cai do meu banquinho quando e infeliz meteu a mão em todos os botões que alcançou e conseguiu fazer berrar uma microfonia que está soando em meu ouvido até hoje .Conclusão o som ficou totalmente estridente ,rachando o tempo todo , a tal caixa externa não resistiu a façanha do “garçom- técnico- de- som “ estourou e não aceitou mais regulagem e no fim da noite era fácil perceber na expressão e no modo de me tratar que o pensamento do gerente (aquele mesmo que permitiu que o garçom-técnico regulasse o som da minha apresentação sem me consultar)era “essa mulher que não sabe cantar veio fazer o que aqui em meu maravilhoso estabelecimento??”
Bom pelo menos ele me deu a honra de receber meu cachê...
Hoje nem vou contar como é chegar ao bar e encontrar outros músicos tocando no seu dia simplesmente porque se esqueceram de avisar da mudança na agenda ,é inacreditável não é caro leitor ,mas acredite acontece...
Eu mereço viu.
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